Região do Brasil Central investe na técnica de aproveitamento hídrico na produção de trigo e supera região Sul

O cerrado, região do Brasil Central, é considerado o segundo maior bioma do Brasil e da América do Sul, perdendo apenas para a Amazônia. A sua localização faz com que se situe sobre os grandes divisores de águas do país, já que possui nascentes de rios importantes, como as nascentes das três maiores bacias hidrográficas sul-americanas, a Amazônica/Tocantins, a São Francisco e a Prata, e vários rios que nascem e cortam a região.

Além da riqueza hídrica, é no cerrado que se encontra a maior produtividade no cultivo de grãos, com alta qualidade para panificação industrial, mesmo com a concentração de 90% do trigo brasileiro sendo produzido no sul do país. Contudo, o clima Tropical Sazonal traz mudanças climáticas, que oscilam de verões chuvosos a períodos de inverno, onde predomina a seca, e muitas vezes, a produção de alimentos pode ser prejudicada pela falta de água e a irrigação é uma das tecnologias que pode ajudar a combater a deficiência hídrica.

Diante desse cenário complexo e pensando em combater períodos de perdas em produção agrícola, pesquisadores da Embrapa Cerrados (DF) descobriram o momento ideal para iniciar a irrigação de forma eficiente, a fim de utilizar a menor lâmina possível de água e manter a máxima produtividade da lavoura. O que colaborou para que houvesse o crescimento da cultura de produção de grãos no Centro-Oeste.

Essa descoberta, por meio do estudo da Embrapa, levou o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR) a dialogar com os produtores irrigantes do estado de Goiás por meio da iniciativa Polos de Agricultura Irrigada. Na região de Cristalina, o Governo Federal, por intermédio do MDR reconheceu o Polo de Agricultura Irrigada do Planalto Central de Goiás, como a região onde as áreas de trigo têm crescido substancialmente.

Por meio da Lei n.º 12.787 foi criado o Departamento de Irrigação (DIR), no MDR, responsável pela Condução da Política Nacional de Irrigação no Brasil, que traz diretrizes, planos e projetos para a prática da irrigação no país.

O intuito do MDR é tornar a produção mais competitiva, menos dependente da importação de trigo e reduzir custos de produtos essenciais, como o pão, mas também ampliar o acesso desses alimentos para mais brasileiros.

A Diretora do Departamento de Irrigação (DIR), Larissa Oliveira Rêgo, defende que a irrigação tem papel fundamental para o crescimento da agricultura em larga escala e de forma sustentável.

“A irrigação é parte integrante das tecnologias que possibilitaram recordes mundiais na produção de trigo no cerrado e o Departamento de Irrigação tem atuado para que a expansão da agricultura irrigada no centro-oeste ocorra de forma planejada e sustentável."

Assim, irrigar mais em bases sustentáveis, significa aumentar a produtividade e diminuir a pressão sobre novas fronteiras agrícolas. E é isso o que está ocorrendo com o trigo da região central”, explicou a Diretora.

Diante do vertiginoso crescimento econômico que o cerrado tem alcançado, com essa nova tecnologia de aproveitamento do solo, para lavoura e cultivo de grãos, o Consórcio Brasil Central (BrC) tem realizado conversas com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para buscarem formas de aprimoramento das tecnologias de irrigação, que auxiliem no combate à deficiência hídrica e mais recursos de modernização da agricultura, o que inclui o desenvolvimento de novas tecnologias.

O secretário executivo do BrC, José Eduardo, acredita que o diálogo promissor que o Consórcio vem desenvolvendo juntamente com a Diretoria de Irrigação do MDR reforça a importância do tema, no desenvolvimento econômico regional sustentável do Brasil Central.

“O Cerrado é notoriamente conhecido como uma região biodiversa fortemente produtora de grãos, e se transformou em uma nova e significativa fronteira agrícola no Brasil que contribui para que o país se torne um dos principais produtores mundiais de commodities.”

A região central do Brasil tem se destacado nas últimas décadas por profundas mudanças nos sistemas de produção do setor agrícola. Desafios esses, que pareciam intransponíveis, mas que agora, com estudos mais direcionados, pesquisas e um olhar com foco no desenvolvimento sustentável, ganha novos rumos para a maior competitividade do setor.

Jornalista Responsável: Hellen Mendes
Foto: BENCHEKCHOU, Zineb / Embrapa